quarta-feira, 11 de abril de 2012

Uma porrada de baianos

 


Toda criança baiana cresce lutando capoeira, certo? Nem tanto. A dança africana, amplamente disseminada em Salvador, vem perdendo espaço para um esporte que hoje, na contramão do que ocorre no restante do País, virou mania entre jovens da periferia: o boxe. Na Bahia, para cada lutador de MMA (artes marciais mistas) revelado, nasce um grande nome do boxe amador. Não por acaso, dos boxeadores brasileiros já classificados para a Olimpíada de Londres, em julho, dois têm boas possibilidades de subir ao pódio. Ambos são soteropolitanos: Everton Lopes (médio-ligeiro) e Robson Conceição (peso leve), considerados os maiores talentos do boxe amador brasileiro nos últimos tempos. Além de Lopes e Conceição, mais cinco baianos são favoritos em suas categorias por uma vaga em Londres: Robenilson de Jesus (peso-galo), Elber Passos (meio-pesado), Paulo Carvalho (mosca-ligeiro), Adriana Araújo (peso-leve) e Érica Matos (peso-mosca). Os marmanjos disputam o pré-olímpico de boxe no Rio, dos dias 11 a 20 de maio. Já Adriana e Érica vão ao mundial da China, também em maio, em busca da vaga olímpica.
Como explicar a ascensão do boxe baiano? Basta uma volta pela periferia de Salvador para entender o fenômeno. Com o crescimento vertiginoso da classe C na última década, especialmente no Nordeste, aumentou o número de academias instaladas em bairros suburbanos da capital baiana. Em paralelo ao crescimento econômico, a Bahia assistiu ao surgimento do último ídolo do boxe brasileiro: Acelino “Popó” Freitas, campeão mundial em duas categorias. Entre as mais de 150 escolinhas de boxe espalhadas por Salvador, nenhuma conseguiu resultados tão expressivos quanto a Champions, localizada no bairro Cidade Nova, na periferia de Salvador. É ali que treinam Everton Lopes, Robson Conceição, Robenilson de Jesus, Adriana Araújo e outras estrelas do boxe amador baiano. São todas crias do proprietário da Champions, o ex-boxeador Luiz Carlos Dórea. Em 1986, aos 20 anos, havia acabado de conquistar um título internacional quando a morte de seu técnico o pegou de surpresa. Sem lugar para treinar, resolveu abrir, em 1988, uma academia na garagem de sua casa. O negócio começou a ficar sério quando Dórea treinou seu primeiro campeão: Luis Claudio Freitas, medalha de bronze (categoria mosca) nos Jogos Panamericanos de Havana, em 1991. Quem faria história, porém, seria o irmão mais novo de Luis Claudio, Acelino “Popó” Freitas.
A popularização das academias não é a única explicação para o impressionante número de boxeadores baianos de talento. Uma análise, digamos, mais antropológica vem de outra revelação do esporte, o também soteropolitano Robson Conceição, 23 anos, medalha de bronze no Pan de Guadalajara, na categoria leve. Conceição garantiu sua vaga em Londres ao bater o atual campeão mundial de boxe amador, Vasyl Lomachenko, em um combate histórico, decidido nos últimos segundos (20 a 19 para o brasileiro). Para ele, o segredo está na capoeira. “Você nunca reparou na nossa ginga, no nosso jogo de pernas?”, pergunta. “Só baiano sabe bailar assim.”

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