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NOTA DE ESCLARECIMENTO

Dez dias após a conquista da medalha de prata pan-americana pela Jucielen Cerqueira, a equipe MM Boxe vem a público se manifestar sobre a polêmica gerada envolvendo seu nome.

Jucielen Cerqueira, uma atleta formada na MM Boxe Rio Claro, após sagrar-se vice-campeã do Pan 2019, teve seu nome relacionado a uma denúncia de censura por parte de seu treinador, Mateus Alves. Notícias afirmavam que Jucielen teria sido impedida de responder a uma pergunta do jornalista Demétrio Vecchioli, autor da reportagem que denunciava o silenciamento. Num primeiro momento ficamos bastante preocupados com a situação, mas após ouvirmos a própria Juci, fomos informados que tal silenciamento não ocorreu como o divulgado.

Na reportagem, que foi viralizada em páginas de militância de esquerda e do movimento negro, o jornalista erroneamente informava que um dos nossos treinadores, Breno Macedo, era formado na escola de boxe italiana, descrita como majoritariamente antifascista. Breno não se formou treinador na Itália, mas sim em São Paulo. O boxe popular (antifascista) é presente na Itália, mas está longe de ser a corrente predominante entre a comunidade pugilística do país. Breno, e como consequência a MM Boxe, tem ligações e inspirações com o Boxe Antifascista não só italiano, mas internacionalista.

Quando falamos em boxe antifascista, nos referimos a um esporte como um direito social, um boxe anti-homofóbico, antirracista, anti-xenófobo, anticapitalista, anti-machista, contra qualquer forma de discriminação e preconceitos. Nos baseamos nestes valores em nossas ações e buscamos transmitir tais valores a todos que frequentam nosso espaço, incentivando nossos alunos a terem um pensamento crítico e questionador do sistema capitalista estabelecido, sistema racista, machista, meritocrático, injusto e cruel.

O boxe é nossa ferramenta de ação direta contra o que não concordamos em nossa sociedade, buscando construir relações não pautadas em valores financeiros ou resultados esportivos, mas sim nos valores humanos e comunitários. Respeitamos as liberdades individuais, convivemos com o diferente e buscamos nunca se acomodar em bolhas sociais/ políticas. A atleta e o ser humano Jucielen é fruto deste trabalho político e esportivo, assim como outras centenas de pessoas que passaram pela MM Boxe nos últimos 15 anos.

O jornalista, que perguntou à Juci o que ela achava sobre o crescimento do fascismo no Brasil, julgou que, por ser oriunda da MM Boxe, a jovem pugilista levantaria bandeiras e faria declarações radicais. O repórtes buscava ouvir da Juci alguma declaração forte ou palavras que trouxessem alvoroço no atual contexto que o Brasil vive, algo que não é do seu perfil, traço que respeitamos e apoiamos. Ícones esportivos que levantaram bandeiras como Muhammad Ali, Colin Kaepernick e os panteras negras Tommie Smith e John Carlos, o fizeram por vontade própria e talvez só depois foram se dar conta do ônus que carregaram por tal feito. São escolhas que nunca mais deixaram suas vidas iguais. Por isso não devemos forçar a criação de mártires e sim deixar que os mesmos tomem suas decisões.

Continuamos em nossa luta diária contra o fascismo. Jucielen continua em sua luta diária como mulher, negra, periférica, filha de migrantes proletários, esportista na América Latina.

Para finalizar, deixamos a frase de Angela Davis, feminista negra norte-americana: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”.

Continue se mexendo, Juci.
Equipe MM Boxe Rio Claro, agosto de 2019

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